segunda-feira, 1 de junho de 2009

Frost/Nixon (2008) por Fernando K.

» Direção: Ron Howard

» Roteiro: Peter Morgan (peça teatral e roteiro)

» Gênero: Drama

» Origem: Estados Unidos

» Duração: 122 minutos

» Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=Qh5ZvdBd7FU

Passaram-se três anos desde a renuncia do então presidente Richard Nixon (Frank Langella). Após esse período, o mesmo concordou em ceder uma entrevista na tentativa de se reenguer publicamente e voltar ao cenário político. Comandando exclusivamente esse ato, temos David Frost (Michael Sheen), um apresentador de "talk-show" que buscava o ápice de sua carreira por meio dessa entrevista, que mais tarde se tornaria um duelo de gigantes no qual só um permaneceria em pé.

Posso caracterizar este longa com apenas uma palavra: SURPREENDENTE. O iniciar da história juntamente com o tema abordado nos faz pré-visualizar em nossas mentes, um filme monótono sem ações que pudesse balançar o espectador ou nos agitar a tal ponto de ficarmos eufóricos. Errado. Tudo não passa de uma preparação para o que estava por vir. Sendo parcialmente documentada, iniciando com reportagens dos escândalos que envolviam o presidente e documentários dos assessores de Frost e Nixon, deixavam aqueles que assistiam, cientes da situação e dos fatos impostos que levavam ao decorrer da história.

O diretor Ron Haword ("Uma Mente Brilhante", 2001) também está na lista de surpresas. Comandando o show de forma sublime e segura, mostrou inteligência e soube transmitir as emoções de seus personagens de forma astuta, fazendo com que os espectadores tenham a chance de ponderar de forma detalhada esses dois "pugilistas". Sua direção se destaca pelos "close-ups" e enquadramento dos protagonista transformando esses momentos em verdadeiras cenas de excitação e adrenalina, mas ele se destaca principalmente pela escolha certa do elenco, tanto os personagens principais como os coadjuvantes.

Aproveitando a linha, o elenco se inclui também na lista surpreendendo positivamente. Frank Langella está impecável no papel de Richard Nixon. Mostrando carisma e tendo uma voz firme e serena, ele incorpora o personagem de tal forma que se pensa que o próprio Nixon está na tela interpretando a si mesmo. Ao seu lado, temos Michael Sheen no papel de David Frost que não teve o mesmo brilhantismo do anterior, no entanto se mostrou à altura em determinadas cenas. É importante lembrar que ambos reprisam seus respectivos papéis no teatro com o dramaturgo Peter Morgan ("O Último Rei da Escócia", 2006 e "A Rainha", 2006) e foi uma condição dada por Howard ter os dois no longa para poder dirigi-lo. A escolha dos coadjuvantes, como dito acima, é de se destacar. Jack Brenan (Kevin Bacon), o "puxa-saco" do presidente, o excêntrico James Reston (Sam Rockwell) ao lado de Bob Zelnick (Oliver Platt), o produtor John Birt (Matthew Macfadyen) e a bela e também essencial Caroline Cushing (Rebecca Hall) que deixava claro a despreocupação de Frost em relação ao duelo.

Uma das cenas mais marcantes do filme é o iniciar do duelo. O espectador fica apreensivo na espectativa de que a "luta" comece logo. Frost, confiante, lança suas perguntas já na tentativa de nocautear seu adversário logo com o primeiro golpe, sendo esvairecido imediatamente e levando o contra-ataque logo em seguida, se enfraquecendo cada vez mais. Isso se decorre nos três primeiros "rounds". Nixon esmaga seu inimigo de forma suprema e a cada tentativa do adversário em se reenguer se torna frustrante. Isso até chegarmos a quarta e última parte da entrevista, ou seja, o clímax da história. É a partir daí que se expõe a qualidade de Howard e Langella. Com certeza a cena mais brilhante do longa tornando-o uma obra-prima, onde o diretor soube impôr ações ao invés de palavras transmitindo todo o sentimento que era necessário, nos levando a crer que Richard Nixon não é o vilão da história, mas sim um homem que errou e se mostrou arrependido.

Para finalizar, "Frost/Nixon" é simplesmente surpreendente, seja pela direção ou pelo elenco que souberam fazer a sua parte e um pouco mais. Além desses dois itens importantes, também temos uma trilha sonora com plasticidade e transparência, se encaixando sutilmente nas cenas adequadas gerando um clima de angústia e apreensão. Um filme político acima da média altamente recomendado.

Muito Bom!

Premiações

- Recebeu 5 indicações ao Oscar, nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Frank Langella), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Edição.

- Recebeu 5 indicações ao Globo de Ouro, nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Diretor, Melhor Ator - Drama (Frank Langella), Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora.

- Recebeu 6 indicações ao BAFTA, nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Frank Langella), Melhor Edição, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Maquiagem.

Curiosidades

- Mike Nichols, Martin Scorsese, George Clooney, Sam Mendes e Bennett Miller estiveram cotados para dirigir Frost/Nixon.

- Tanto Frank Langella quanto Michael Sheen interpretaram os mesmos personagens na montagem teatral de Frost/Nixon. Ron Howard exigiu que ambos fossem escalados no filme, caso contrário não aceitaria dirigi-lo.

- Frank Langella ganhou um prêmio Tony por sua atuação como Richard Nixon, na montagem teatral de Frost/Nixon.

- Mesmo fora das filmagens os atores Frank Langella e Michael Sheen mantiveram a rivalidade existente entre seus personagens em Frost/Nixon, realizando provocações e piadas entre eles.

- A personagem Caroline Cushing foi baseada na atriz Carol Lynley.

- O orçamento de Frost/Nixon foi de US$ 35 milhões.

Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/frost-nixon/frost-nixon.asp

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