quarta-feira, 3 de junho de 2009

Gran Torino (2008) por Fernando K.

» Direção: Clint Eastwood

» Roteiro: Nick Schenk (argumento e roteiro), Dave Johannson (argumento)

» Gênero: Drama

» Origem: Austrália/Es
tados Unidos

» Duração: 116 minutos

» Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=Y_0088KD1_U

O conservador e veterano da Guerra da Coréia, Walt Kowalski (Clint Eastwood), vive em um bairro no subúrbio cercado de imigrantes asiáticos. E é ao conhecer seus novos vizinhos Hmongs, vindos do Laos, que sua vida começa a mudar. Ex-funcionário da Ford, o velho mantém uma relíquia em sua garagem: o Gran Torino 1972, parcialmente montado por ele mesmo. O jovem Thao (Bee Vang) é pressionado por uma gangue a rouba-lo durante à noite. Ao perceber que algo de estranho se passa pela garagem, Walt faz seu primeiro contato com seu novo vizinho. Após a frustrante tentativa de roubo, a família do menino exige que o mesmo pague pela vergonha, exigindo que ele trabalhe para o polonês durante um curto período de tempo. O veterano e pai ausente então começa a apreciar a presença de seus novos vizinhos, deixando seu racismo de lado e revelando seu lado bondoso.

Minha única objeção ao longa seria por parte do roteiro parcialmente previsível e a alguns diálogos não muito criativos. Logo com a chegada de seus novos vizinhos, já pode-se prever um afeto entre eles e o protagonista e também o desfecho, no qual em seu testamento, Walt deixa seu carro-relíquia a Thao. Em relação aos diálogos, cito o momento em que Walt, Sue, Thao e Youa se reúnem em um churrasco de almoço e sem qualquer relevância, Sue intervém e diz: "...mas eles vão de ônibus", sem que houvesse sentido com o momento decorrente, utilizado apenas como pretexto para chegar ao Gran Torino. Enfim, cabe ao cinéfilo determinar se isso seria um erro ou apenas um detalhe. Particularmente, vejo isso apenas como meros detalhes sem retirar o enriquecimento do filme.

Clint Eastwood, a lenda, seria como um judeu, que com apenas um dólar, o transforma em dez, ou um fotógrafo altamente qualificado capaz de tirar fotos estupendas apenas com uma câmera descartável, em outras palavras, o diretor tem a capacidade de transformar algo simples em algo absurdamente brilhante. Como exemplo, temos as composições de cenas que se originam como algo simples e básico, mas ao tocar as mãos do veterano, se tornam algo de alto nível, sendo praticamente um marco deste magnifíco ator, diretor e agora aspirante a cantor (kkk). Trilhas sonoras sútis também são caracteristicas do dele. Neste longa inclusive, podemos presenciá-lo cantando durante o seguimento dos créditos, que aliás, é uma bela trilha sonora: "Gran Torino (também escrita por ele, Jamie Cullum, Kyle Eastwood e Michael Stevens). Pode-se citar a cena em que Walt retorna a sua casa e se depara com seus vizinhos a sua escada, cada um em um determinado degrau, representando o grau de autoridade, sendo a mãe na parte mais alta, retratando a pessoa de maior poder, autoridade ou soberania, a filha Sue alinhada de igual para igual ao velho a qual ele tem maior simpatia e por último, o garoto Thao na parte térrea, cabisbaixo, inferior aos demais. Apenas detalhes que transformam a obra em algo majestoso.

O elenco vai de acordo com que se propõe no roteiro, tendo a maioria dos atores fazendo a sua parte (com exceção de Clint) e a minoria (Bee Vang) devendo em outras. Clint Eastwood se dedicou mais a parte das feições, sabendo onde e quando posicionar as câmeras, buscando um melhor ângulo para Walt Kowalski e demais personagens. É notável que mesmo com a idade, o velho diretor/ator continua surpreendendo e neste seu último trabalho como ator, Clint fechou com chave de ouro com direito à aplausos de pé. Na parte do enredo, é difícil não comparar seu personagem ao também rabugento Frankie Dunn de "Menina de Ouro", 2004 seguindo as mesmas características: velho ranzinza sem aptidão de amar ninguém, pai ausente e que no decorrer do filme vai se tornando uma pessoa tolerante capaz de abrir um sorriso e transmitir um olhar afetuoso. Embora o desfecho de ambos sigam caminhos distintos, o protagonista desses dois filmes não têm um "happy ending".

A obra em si contém apenas alguns erros (detalhes) incapazes de tirar a magnitude do mesmo, como o hábito de Eastwood incorporar seu caráter classicista imposto de forma demasiada, talvez atrapalhando um pouco, mas ele sendo um diretor tradicional, não abrirá mão disto e convenhamos, não diminuirá o brilhantismo de seus filmes. E para finalizar, a mensagem que este mestre do mundo cinematográfico nos propõe é que devemos cuidar dos jovens, dos nossos filhos, pois eles estão sendo marginalizados, covardes, sem valores íntegros e incapazes de seguir um caminho justo e honesto em suas vidas porque não havia ninguém que pudesse auxiliá-los. Seria uma das primeiras opções para quem procura um bom filme.

Muito Bom!

Curiosidades

- Os atores hmong foram selecionados em comunidades de Detroit, no Michigan; Saint Paul, em Minnesota; e Fresno, na Califórnia. Nenhum deles, com exceção de Doua Moua, já havia atuado em um filme.

- Foi um dos primeiros filmes a utilizar a nova lei de incentivos fiscais aplicada pelo estado de Michigan, de forma a atrair para o local novas produções.

- A canção "Gran Torino" é apresentada nos créditos finais, sendo cantada por Clint Eastwood e Jamie Cullum. Esta versão consta apenas no filme, já que na trilha sonora Eastwood foi substituído por Don Runner.

- O orçamento de Gran Torino foi de US$ 35 milhões.


Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/gran-torino/gran-torino.asp

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