Especial Oscar por Fernando K.

Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, 2004)

» Vencedor do Oscar (2005) por Melhor Roteiro

» Diretor: Michel Gondry

» Roteiro: Charlie Kaufman, Michel Gondry, Pierre Bismuth

» Gênero: Drama/Romance/Ficção Científica

» Origem: Estados Unidos

» Duração: 108 minutos

» Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=fRfOFz9hi9k

Após uma briga que deixou o relacionamento à beira do caos, Clementine (Kate Winslet) decide ser cobaia de um tratamento experiemental para esquecer Joel (Jim Carrey) de uma vez por todas. Ao tentar se redimir, ele a procura em seu trabalho. Sendo completamente ignorado, Joel fica totalmente confuso e é daí que descobre, através de amigos, que sua amada optou por apagá-lo de sua memória para sempre. Deprimido, ele corre atrás desse tratamento e decide tomar a mesma decisão: deleta-la de sua mente. Mas durante o processso médico, esse apaixonado confuso decide que não era isso que ele planejara. Queria estar ao lado dela e não esquecê-la para sempre. A partir daí, Joel lutará com todas as suas forças para burlar o sistema e manter viva a lembrança de Clementine, escondendo-a em suas lembranças mais profundas e remotas.

E se pudessemos apagar certas pessoas de nossas vidas? Quem você "deletaria"? Um ente querido ou um animal de estimação que faleceu? Quais são nossas memórias ruins? Quão profundas estam escondidas em nossas mentes? A impulsiva Clementine Kruczynski quer esquecer de qualquer forma o tímido Joel Barish e para isso, ela estaria disposta a qualquer coisa, inclusive participar de um tratamente experimental. Escrito por Charlie Kaufman ("Quero Ser John Malkovich"), a história é contada de forma inteligente e desprendida. Assim como Nieport ("Sete Vidas"), o roteirista opta por uma desconstrução, tornando-o mais intrigante, sem que possamos nos desvencilhar por um segundo sequer da tela. A diferença entre "Sete Vidas" e "Brilho Eterno..." é que o segundo é feito de forma mais abrangente, deixando o espectador à par de todos os fatos ocorridos. Com algumas superfluidades de idéias e cenas extendidas sem necessidade à parte, o diretor Michel Gondry se saiu bem, mostrando-se talentoso.

Não é de hoje que Jim Carrey vem mostrando capacidade em desenvolver personagens dramáticos, em "O Show de Truman" (1998) ele deixou claro que é muto mais do que um simples ator de comédia e que pode ser versátil em qualquer papel que lhe for proporcionado, embora tenha tido uma atuação amena no suspense "Número 23" (2007). Mas a vida é cheia de altos e baixos, e Carrey vem demonstrando que tem muitos mais altos do que baixos. Em relação a Kate Winslet, sou fã dessa atriz que teve atuações brilhantes (A Vida de David Gale, Pecados Íntimos, entre outros) e que após cinco indicações ao Oscar, ganhou merecidamente no último ano. Não há nem necessidade de comentar sobre sua performance nesse filme. Os demais atores (Mark Ruffalo, Kirsten Dust, Elijah Wood e Tom Wilkinson) se saíram muito bem em seus papéis, destaque para Wood, que desencarnou o eterno Frodo e interpretou de forma satisfatória e Dust, que se saiu melhor que o primeiro, desenvolvendo toda a dramaticidade exigida pelo personagem.

Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças é um dos melhores filmes do gênero. A história exige que você se concentre para compreender os fatos. Com o decorrer do longa, tudo vai se encaixando de forma perfeita e fará com que o espectador fique abismado com o modo como tudo é levado. Embora triste, o filme nos faz refletir, fazendo perguntarmos a nós mesmos: vale mesmo à pena apagar determinadas memórias, sejam elas envolvendo relações amorosas ou demais coisas? Não tiramos lições com esses fatos passados? Ou talvez fosse melhor que nunca tivessem acontecido?

NOTA: 9,0

Por Fernando K.

Curiosidades

- O título do filme foi retirado do poema "Eloisa to Abelard", de autoria de Alexander Pope. O mesmo poema já havia sido usado pelo roteirista Charlie Kaufman em "Quero Ser John Malkovich" (1999);
- Esta é o segundo filme do diretor Michel Gondry. O anterior foi "A Natureza Quase Humana" (2001);
- Nicolas Cage esteve cotado para estrelar o filme;
- O orçamento do filme foi de US$35 milhoes.

Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/brilho-eterno/brilho-eterno.asp