quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Adaptação (2002) por Fernando K.

É sempre difícil criar algo quando há um bloqueio criativo nos perseguindo como sombra. Mesmo nós, cinéfilos, que somos acostumados a escrever seja diariamente, semanalmente ou mensalmente, acabamos vivenciando esse tipo de situação, deixando-nos agoniados à ponto de tomar alguma atitude desesperadora afim de que surja uma luz no fim do túnel. E é nessa situação que se encontra Charlie Kaufman, provando que até mesmo os gênios tem seus momentos críticos no desenvolvimento de seus trabalhos.

Quando o roteirista Charlie Kaufman (Nicolas Cage) inicia um trabalho para adaptar o best-seller "O Ladrão de Orquídeas", escrito por Susan Orlen (Meryl Streep), ele encontra dificuldades para tal. Conforme seu prazo se expira, as idéias não surgem e a cada dia, Kaufman se desespera mais e mais a ponto de assistir palestras sobre criação de roteiros. Infelizmente, de nada adiantou e devido a falta de inspiração, Kaufman acaba criando um roteiro diferente com fatos de sua vida e demais pessoas que estão envolvidas, transformando-se em uma adaptação real.

Após "Quero Ser John Malkovich", Jonze e Kaufman se unem novamente para fazer uma obra diferente e original. O longa é fiel ao título, se referindo as diversas adaptações que são impostas conforme situações geradas. Uma delas, percebe-se pelo pequeno documentário sobre evolução no planeta imposta por Darwin. Mas o foco do termo fica mesmo pela capacidade de nos adaptarmos à novas situações que nos são impostas. Detalhes como as falas em off que representam os pensamentos confusos e constragedores de Kaufman e cenas relacionadas também a seus pensamentos, faz com que tanto a direção como o roteiro aparentem ser confusos, no entanto, conforme acompanhamos a história, tudo fica claro de forma contundente.

Momentos divertidos, tensos e melancólicos são adjetivos que definem bem o filme. Kaufman ainda criou um irmão gêmeo justamente para representar o que ele não é, mostrando ao espectador que o perfil do fictício Donald seria o ideal para ser bem-sucedido no cinema americano, e ainda o incluiu nos créditos pelo roteiro (kkk). Susan Orlean e John Laroche nunca tiveram um caso de fato, mas acrescentando este pequeno detalhe, a trama se enriqueceu significativamente, dando um maior suspense e tensão ao enredo. As atuações de Meryl Streep e Chris Cooper são dignas de aplausos e Nicolas Cage desenvolve uma excelente performance interpretando dois personagens muito distintos. Enfim, o que não falta para a dupla Jonze/Kaufman é originalidade e com um elenco de qualidade como este, fica difícil não ser um bom filme. Recomendado!








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